NOVOS MODELOS DE REMUNERAÇÃO X PRONTUÁRIO ELETRÔNICO

Quero iniciar o papo de hoje, enaltecendo o seminário realizado pela AHSEB – Associação os Hospitais do Estado da Bahia, com o tema “O futuro da saúde no Brasil – para onde caminham as instituições” (22.11.18), pois superou minhas expectativas!!! Vi e ouvi por palestrantes (consultores, executivos de operadoras e de prestadores de serviços), cases evidenciando experiências práticas, ocorridas em várias partes do Brasil, apresentando diversos modelos de remuneração: o tradicional fee-for-service, o capitation (senti a falta do capitation reverso do amigo Marcelo Brito), bundle e pagamentos por performance, ficando claro que não há predominância sobre nenhum dos modelos e o que é mais desafiador – são tendências para um futuro próximo, onde o hospital terá que atuar com todos os modelos…
Um dos pontos que quero destacar, se refere a duas questões fundamentais para preparar-se para estes novos desafios: o hospital deverá possuir um sistema de custeio e um prontuário eletrônico. O sistema de custeio é plenamente alcançável, com os “ERP’s”, os sistemas informatizados de gestão hospitalar, que com uma boa dose de vontade e boa gestão, apresentam informações precisas que favorecem a tomada de decisões. Mas e o prontuário eletrônico? Este me parece uma realidade distante e de difícil alcance. Ouvi dos palestrantes que se trata de um prontuário padronizado, “totalmente livre de papel / resultados de exames sem papel e com cruzamento de dados / laudos / indexação, estudos clínicos facilitados / promoção à saúde baseada em evidências locais e regionais”, enfim, que permitiria a estratificação, favorecendo as leituras epidemiológicas e a consequente adoção de protocolos clínicos. Infelizmente não é o que vejo – o modelo de prontuário eletrônico utilizado é meramente um supressor do prontuário em papel, muito longe do tratado pelos palestrantes!!!
Em 13.11.18, postei o texto intitulado “O PLANSERV E A SOLICITAÇÃO MÉDICA ELETRÔNICA OBRIGATÓRIA DE EXAMES”, onde descrevi sobre a polêmica gerada, ao requerer que as prescrições médicas ambulatoriais de exames, fossem realizadas em site específico do PLANSERV. E a resposta a proposta apresentada pela AHSEB de integrar os prontuários eletrônicos ao site do PLANSERV, onde argumentou que “a multiplicidade de sistemas (…) torna inexequível o interfaceamento proposto”.
Lembrei-me desta questão ao ouvir do representante do BRADESCO, nesta palestra, justamente o contrário – “a única coisa que recebemos dos hospitais é o CID encaminhado nas guias TISS” e que isto não permitia fazer muita coisa…
Tenho a convicção de que os hospitais e clínicas adorariam receber o paciente com seu histórico de atendimento e resultados de exames anteriores para iniciar o tratamento – isto aumentaria a eficiência médica no tratamento e economizaria recursos. Já falei sobre isto antes…
Também não vejo flexibilidade por parte das ERP’s em tratar destas iniciativas com os hospitais individualmente e compreendo até certo ponto… Mas tudo muda quando há uma imposição legal, como ocorreu com a TISS a 11 anos atrás, ou quando há uma negociação entre os prestadores e as operadoras.
E aí me acende uma fagulha de esperança, quando ouvi, neste evento, a proposta do representante do BRADESCO de discutir a questão com as entidades de classe. Espero que se concretize e que a moda pegue!!!