SISTEMATIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA HOSPITALAR
Nos últimos anos o uso dos computadores nos hospitais tornou-se imprescindível – a automação das ações e a necessidade de alcançar o estágio de um hospital paperless (papel zero), são alguns dos exemplos de benefícios trazidos, porém, alcançá-los é um grande desafio, pois requer a conjugação de três fatores – hardware, software e peopleware, e aí o bicho pega!!
Ao falar em hardware falamos de um grande investimento, em servidores, computadores e uma gama enorme de equipamentos e ferramentas. Nos últimos anos os cloud-server, ou os servidores “em nuvem”, vieram para facilitar a vida – preocupar-se com redundância (ou servidores de backup), gestão de bancos, combate a vírus, etc, ficaram sob responsabilidade de empresas gigantes do segmento; isto tudo, só funciona com internet … E a quantidade de computadores? Em alguns setores passa da relação 1×1, ou seja, um computador por funcionário: é o caso dos postos de enfermagem, que em determinados horários, como no início das manhas, chegam a formar “filas” com médicos, enfermeiros, técnicos, nutricionistas, fisioterapeutas entre outros, todos precisando acessar o prontuário dos pacientes, seja para programar o que deverá ser feito ou para registrar o que foi realizado. Tablets, leitores (biométricos, de códigos de barras), webcams, digitalizadores entre outros completam a enorme lista de equipamentos que requerem configurações para “falar entre si” …
Outro requisito fundamental é o software, que estará integrando todas as ações, ou seja, a partir de uma única entrada de dados há um desencadeamento de outras ações – uso sempre a figura abaixo nos meus cursos para exemplificar a sistematização:
A questão é que existem uma série de outros sistemas dentro do hospital: de recursos humanos, de contabilidade, de controladoria, de engenharia clínica, de normatização, enfim, e é muito difícil que estes sistemas falem entre si – quando não se falam, têm-se o constante “retrabalho” de digitar de um sistema para outro e fica precário obter um único quadro gerencial que aglutine todas estas informações.
São poucos sistemas informatizados, os chamados ERP – Enterprise Resource Planning, que conseguem interligar todos os dados e processos de um hospital em um único sistema, e escolhê-los é outro desafio, lembrando que tomada esta decisão é quase um “casamento”, pois rompê-lo será outro processo!!!
E finalmente chegamos ao peopleware, ou seja, as pessoas que utilizarão o sistema. Não basta treiná-las sobre como operar o módulo que ela usará – se for assim, você ouvirá frases “o sistema anterior era melhor”, ou “não sei pra quê tanta coisa”. Há a necessidade de mostrar a todos “o processo”, para que cada um entenda qual o seu papel nesta contribuição, para que o objetivo final seja alcançado.
A sistematização da Assistência ao Paciente
A utilização do PEP – Prontuário Eletrônico do Paciente é a principal ferramenta dos sistemas informatizados, pois além de unificar os registros promovem a sistematização – a questão é a de que não há padrões nesta área e muitos sistemas ficam a desejar.
Nesta pandemia de COVID, convivi com o desafio de implantar hospitais de campanha e a sistematização foi grande aliada para reduzir a contaminação entre os integrantes da equipe de assistência. A ideia básica era de que a partir das prescrições pudéssemos “girar o PDCA” – ou seja, com a prescrição médica ou de enfermagem sendo o planejamento (plan), e o sistema acionando as áreas responsáveis pela execução:
- prescrição de exames: com o prontuário sinalizando automaticamente o setor responsável pelo exame, que providenciará a realização e a inserção do laudo do resultado;
- prescrição medicamentosa: com o prontuário sinalizando a Enfermagem que integrará os materiais descartáveis aos medicamentos injetáveis, e desdobrando como demonstrado na fig. 1; daí a Enfermagem realiza os aprazamentos;
- prescrições de enfermagem: com a programação de tomada de sinais vitais, de balanço hídrico, etc, com o sistema indicando aos técnicos o momento exato da realização;
- demais prescrições: de especialistas, bolsas de sangue e etc, com o sistema sinalizando para que todas as área se programem.
Na etapa seguinte do PDCA, vamos ao “fazer” (do), com os registros das checagens ou aplicações, ou seja, com os profissionais descrevendo o que fizeram conforme estabelecido na etapa anterior.
É na etapa do checar (Check) do PDCA, que o sistema informatizado trará a grande vantagem para a assistência, pois indicará se determinada prescrição foi ou não realizada ou se está atrasada – os sistemas informatizados, na sua maioria, disponibilizam uma Tv de grandes dimensões ficando acessível para todos no posto de enfermagem, funcionando como um alerta para aquelas prescrições que não foram realizadas na hora estabelecida.
E finalmente vamos ao “Action” do PDCA, identificando eventuais não-conformidades e pontos de melhoria que requererão planos de ação.
Olha o prontuário eletrônico ajudando a rodar PDCA!!!