OPERADORAS DE PLANOS DE SAÚDE E AS MUDANÇAS NO MODUS OPERANDI

Recentemente vi uma nota no jornal de domingo, o antigo “classificados de emprego” que agora se chama “negócios & oportunidades” (sinto-me jurássico – adoro o hábito de folhear as páginas do jornal domingueiro…) em que a UNIMED, uma cooperativa médica, lançava um EAD (modalidade de curso à distância) sobre atenção básica, voltado para médico e enfermeiros (confira aqui). Fiquei feliz, em entender que esta operadora de plano de saúde estava interessada em preparar profissionais para integrar ações curativas e preventivas… Confesso que viajei!!! Lembrei-me de uma visita do grande mestre em administração, Peter Drucker, que numa vinda a São Paulo, em meados de 2007, soltou a seguinte frase:
· “até os anos 70 – o doutor cuidará de você;· até os anos 90 – nosso plano de saúde cuidará de você;· a partir dos anos 2000 – Doutor, vi na internet e vim tirar uma dúvida…”, perdoem-me se a frase não segue ao pé da letra (e olha que futuquei na internet), mas se o mestre ainda estivesse aqui, tenho certeza de que viria outra sacada fantástica.
Infelizmente o atual modelo de remuneração médica, estimula a questão da formação dos médicos especialistas, focados na realização de procedimentos, em detrimento da formação do generalista. Senti na pele este problema, quando há anos atrás, minha esposa surgiu com dores fortes de cabeça e na minha condição de leigo, levei-a ao neurologista que não acertou no diagnóstico, e dali por diante, fui levando-a a vários outras especialistas: oftalmologista, ginecologista, dentre vários outros – até no dentista fui, pois ela havia feito implantes dentários recentes… Com as dores piorando, fomos várias vezes ao pronto-socorro e, somente na quarta visita descobriu-se que as dores eram provenientes de uma meningite. Graças a Deus deu tudo certo e ela restabeleceu-se, mas a fiz sofrer… se eu a tivesse levado a um bom clínico geral, mesmo que ele errasse no primeiro diagnóstico, como ocorreu com o neurologista, mas terminaria por descobrir!!!
Vejo hoje excelentes perspectivas de mudanças, com várias ações sendo realizadas separadamente, mas que se integradas, mudarão completamente a qualidade da assistência médica e com significativa redução de custos: com o prontuário eletrônico integrado, integrando todo o histórico de atendimento e resultados de exames anteriores, com a figura de um médico de “família” ou qualquer outro modelo parecido, em que haja um médico específico para cuidar e acompanhar um grupo limitado de pacientes, além dos recursos da telemedicina, com suas “teles” (teleconsulta, teleinterconulta, teletriagem, telemonitoramento, teleorientação e teleconsultoria, além da telecirurgia), com a introdução dos profissionais de saúde coletiva dentro das operadoras, realizando as pesquisas epidemiológicas e estabelecendo programas de prevenção e outras políticas de atuação.
É um caminho seguido pelas operadoras de saúde do tipo medicina de grupo, mas ainda não consolidado. Na busca de redução de custos, continuam a se digladiar operadoras e prestadores de serviços. Vamos ficar na torcida de que a mudança atinja a todas as operadoras de planos de saúde.
Parabéns pela iniciativa UNIMED!!!