Sobrevivendo em um mercado de saúde em transformação

Sobrevivendo em um Mercado de Saúde em Transformação
Nos últimos anos ao participar de congressos e palestras, tenho ouvido a mesma ladainha: “o modelo fee for service não vai assegurar a sobrevivência dos players do mercado de saúde”, ou “temos que buscar outras alternativas que envolvam a prevenção à atenção básica e o cuidado centralizado como foco das estratégias de saúde”, “o envelhecimento da população e a redução de jovens entrantes no plano colocarão o modelo atual em risco” e por aí vai…
Tenho visto algumas ações, com operadoras de planos de saúde falando em atenção básica, busca de assistência centralizada, mas, apesar de raras exceções, temos pouca efetividade nestas intervenções.
Mas ultimamente tenho visto certa intensificação destas atividades. E quero tratar especificamente dos anúncios da Hapvida veiculados recentemente na televisão – é uma propaganda que vende a ideia de uma assistência continuada, podendo ser prestada em qualquer uma de suas unidades espalhadas ao longo do país: vende-se o conceito e buscando despertar na população o interesse pela assistência centralizada, através do prontuário eletrônico único e da continuidade na assistência – trata-se de importante diferencial competitivo nos seus planos de saúde comparados com o da concorrência.
Vi esta iniciativa adotada pelo SUS com o prontuário eletrônico único, mas não alcançou sua efetividade em função dos aspectos característicos da assistência pública, seja pela organização infraestrutura etc. – apesar de honrosas exceções com algumas cidades tendo o conceito bem trabalhado, infelizmente esta não é uma característica nacional.
Mas voltando aos anúncios da Hapvida, exalto a estratégia e coragem de difundir estes conceitos à população como uma tática para a venda de seus serviços. Oxalá queira a população utilizar estes conceitos na escolha de seu plano de saúde!
E como será a reação do mercado concorrente? E do mercado fornecedor?
Quero dirigir-me especificamente aos prestadores de serviços médicos, pois vejo algumas alternativas:

  • organizar seu negócio para prepará-lo para uma venda – como temos visto ultimamente, com processos de fusão e aquisição para a formação de grandes redes;
  • adequar seu negócio, agregando outros benefícios na prestação de seus serviços médicos às operadoras, como exemplo de apresentação perfis epidemiológicos, identificação de grupos de risco e venda de serviços de prestação etc. (claro que respeitando a LGPD!!).
  • manter o modelo atual e precaver-se contra o engessamento nos preços, perspectivas de descredenciamento, aumento da burocracia, etc…
    Existem outras alternativas?
    Como assegurar a sobrevivência nestas condições?